Branca Madureira de Azevedo Marinho Martins da Cunha

7. Branca Madureira de Azevedo Marinho Martins da Cunha – nasceu em Lisboa, filha de Amadeu de Azevedo Marinho (14), médico e de Leopoldina Madureira de Azevedo Marinho (15), uma família pertencente à  classe média alta.

Branca sempre foi muito chegada ao seu pai Amadeu. A medicina sempre exerceu sobre ela enorme fascínio, demonstrando, desde cedo, o seu desejo de seguir a carreira médica. A sua mãe, muito austera, nunca o permitiu, preferindo que a filha tivesse uma educação tradicional, onde o estudo do piano e da língua e literatura francesas, tinham predominância.

Branca nunca desejou nem gostou de aprender nem de tocar piano. Contava muitas vezes que, em criança, quando a mãe a  chamava para tocar em reuniões de amigas, as lágrimas lhe caiam nas teclas, enquanto os seus dedos percorriam o teclado interpretando trechos de música clássica.

Não ter seguido a carreira médica, como tanto desejava, seguindo as pisadas do seu pai, marcou-a profundamente para o resto da vida, como a marcou a postura autoritária e dominadora da mãe.

Casou com Abílio Martins da Cunha com quem teve uma filha, Maria Manuela Marinho da Cunha Lauret (3), que lhe deu dois netos, Paulo e Pedro.

Foi uma mãe extremosa. A sua bondade natural nunca permitiu que impusesse à sua filha única regras firmes, o que inevitavelmente se viria a reflectir negativamente no temperamento da filha.

Foi uma avó muita amiga dos seus netos, que viveram em sua casa até 1959, o que lhe deu oportunidade de exercer sobre eles uma grande influência, sobretudo pelo exemplo e pelo carinho que lhes dispensava.

Vivia-se em sua casa um ambiente tranquilo e regrado, que aparentemente não era influenciado pelo facto do seu marido Abílio manter alguns aspectos da sua vida boémia de juventude. Essa realidade no dia-a-dia não se fazia sentir, existindo efectivamente uma vida familiar intensa.

As mortes trágicas do seu neto mais velho, Paulo em 1967, com 21 anos, e do seu marido em 1969, vão alterar-lhe profundamente a  vida.

Após o seu marido  Abílio ter posto termo à vida, conforme descrito no seu resumo biográfico, Branca poderia ter ficado com capacidade de se sustentar e de manter a sua casa, se as indicações expressas por Abílio em carta que deixou à sua filha e genro tivessem sido seguidas.  Infelizmente o seu genro, ao contrário do determinado na referida carta,  decidiu vender todo o património existente, deixando Branca dependente e sendo obrigada a ir viver em casa da sua filha e genro.

Em 1971 a sua filha separa-se do marido e vai para Angola, ficando Branca à guarda do seu neto, que então se encontrava na Guiné em comissão militar. Numa primeira fase vai para casa de Maria Amélia Lauret, tia direita do seu neto Pedro. Seguiu, em 1972,  para Bissau onde fica a viver com o neto e com a sua mulher Isabel.

Até ao fim da vida, Branca ficará a cargo do neto, embora este tenha sempre obtido o apoio da sua tia Maria Amélia Lauret,  com as naturais limitações relacionadas com a sua vida e afazeres.

Mesmo após o regresso da  filha de Angola e Brasil (1980), será sobre o seu neto Pedro e sua mulher Isabel que continuará a recair a  maior parte da responsabilidade pela guarda de Branca.

No final da vida a sua saúde começará a debilitar-se com sucessivos AVC’s, que aos poucos foram diminuindo as suas capacidades. Faleceu em Setembro de 1987 em Lisboa.