Pedro Manuel Cunha Lauret de Saldanha e Albuquerque

 

  1. Pedro Manuel Cunha Lauret Saldanha e Albuquerque, nasci em Lisboa a 23 de Janeiro de 1949, actualmente sou  capitão-de-mar-e-guerra na situação de reforma.

Vivi até aos dez anos com os meus pais e irmão em casa dos meus avós maternos, Abílio e Branca (Cunha). Recordo com saudade esses tempos, sobretudo pelo carinho com que os nossos avós nos trataram, e a cumplicidade que sempre existiu entre avô e netos.

Em 1959 os meus pais mudaram-se connosco para casa própria mas, mesmo assim, muitos dos meus dias, após a saída do liceu eram passados em casa da minha avó paterna Albertina, onde a minha querida tia Maria Amélia (Titá), irmã mais velha do meu pai, tanto me ajudou e aturou…

Em 1967 o meu irmão mais velho, Paulo Manuel Cunha Lauret, com      21 anos,  morre num acidente de viação, o que, naturalmente, me deixou marcas profundas tendo implicado alterações importantes na minha vida.

 

Fui admitido na Escola Naval em 1967  tendo terminado o curso de Marinha em 1971 – licenciatura em Ciências Militares Navais.

Em 1971 efectuei o estágio de fim de curso na fragata “Almirante Magalhães Correia” integrada na Força Naval Permanente do Atlântico – Stanavforlant.

 

Casei em Agosto de 1971 com Isabel Maria Saturnino Balula Cid, minha prima em terceiro grau (bisavós Saturnino em comum). Tivemos dois filhos, Pedro Cid Lauret (nascido em 1974) e André Cid Lauret (nascido    em 1978).

Em Setembro de 1971 iniciei uma comissão na Guiné, como oficial imediato da Lancha de Fiscalização “Orion “, tendo exercido  intensa actividade operacional até Agosto de 1973. Participei no início das operações conhecidas pelo cerco a Guidage em Maio de 1973, e participei nesse mesmo mês e seguinte nos acontecimentos Guiledje -Gadamael.

Em Outubro de 1973, já no continente, efectuei os primeiros contactos com o Movimento dos Capitães vindo a colaborar activamente no processo conspirativo que iria conduzir ao 25 de Abril de 1974. Integrei a comissão que redigiu o Programa do Movimento das Forças Armadas, e outros importantes documentos, em conjunto com Vítor Alves, Melo Antunes, Franco Charais, Vítor Crespo, Almada Contreiras, entre outros.

Em Abril de 1974 integrei o gabinete do Almirante Pinheiro de Azevedo, Chefe do Estado-Maior da Armada e membro da Junta de Salvação Nacional.

Integrei o Secretariado do MFA da Armada, a sua Assembleia e ainda a Assembleia do MFA.

Após o 25 de Novembro de 1975 eu, como tantos militares da Marinha, Exército e Força Aérea ligados ao 25 de Abril de 1974, começaram a ser marginalizados e perseguidos. Nesse período fiquei em casa, cerca de seis meses sem me ser atribuída nenhuma unidade. Nunca mais a minha carreira naval retomaria a sua sequência normal.

É precisamente nesse periodo em que estou em casa que a minha mulher Isabel engravida do nosso segundo filho. Provavelmente face à pressão e incerteza da nossa vida de então, a Isabel inicia o trabalho de parto ainda antes dos sete meses de gravidez, nascendo o nosso filho Nuno, que apesar de ter sido transferido para a unidade de prematuros do Hospital Santa Maria não viria a resistir e morreria no seu segundo dia de vida.

No ano lectivo 1976/1977 frequentei   um curso na Escola de Artilharia Naval, tendo adquirido a especialização em Artilharia Naval.

Em 1977 embarquei na fragata “Comandante Roberto Ivens”, como chefe de serviço de Artilharia.  Participei em numerosos exercícios nacionais e no âmbito NATO.

Desembarquei em 1979 vindo a desempenhar funções técnicas no Gabinete de Estudos da Direcção Geral do Material Naval na Divisão de Sistemas de Armas e Electrónica.

Frequentei de 1979 a 1985 numerosos cursos no âmbito da electrónica, sistemas digitais e informática.

Desenvolvi entre, 1979 e 1983, em coautoria, alguns projectos informáticos para a Marinha salientando-se um programa de Análise de Radares e o “Sistema Integrado de Gestão de Munições e Explosivos da Marinha”.

Em 1981 frequentei o Curso Geral Naval de Guerra, pós-graduação em “Estratégia e Organização”, no Instituto Superior Naval de Guerra.

Em 1983, em comissão civil, exerci as funções de engenheiro no “Grupo de Oficinas de Armamento e Electrónica” do Arsenal do Alfeite, acumulando com Chefe de Serviço de Informática do mesmo Arsenal.

Em 1986 passei à reserva e depois à reforma.

De 1986 a 2002 desenvolvi actividade como empresário na área da engenharia e consultoria informática, projectando, desenvolvendo e instalando sistemas informáticos integrados de gestão para inúmeras pequenas e médias empresas industriais e serviços.

Desenvolvi ainda actividade de consultoria informática junto de várias entidades salientando-se as Câmaras Municipais da Amadora, Cascais e Sintra.

Membro fundador da Associação 25 de Abril, integrei a sua Direcção entre 2005 a 2015. Coordenei as equipas que produziram o site da Associação 25 de Abril e um site sobre a Guerra Colonial.

Participei em 2008, a convite da ONG guineense “Acção para o Desenvolvimento”, no Simpósio Internacional “Guiledje: na Rota da Independência da Guiné-Bissau”.

Em 2014 coordenei a obra “Os Anos de Abril” em 8 volumes editado pelo Verso da História para o grupo Cofina, distribuido em conjunto com um jornal . Em 2014 coordenei ainda o livro “O Dia da Liberdade – 25 de Abril de 1974”.  Escrevi e foi editado em 2015 o livro  “A Marinha de Guerra Portuguesa – Do fim da II Guerra Mundial ao 25 de Abril de 1974”.

Tenho dois netos, filhos de Pedro Cid Lauret.

Fui agraciado pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, com o grau de Grande Oficial da Ordem da Liberdade.